Fui o único jornalista a entrar nos camarins dos Babyshambles no Festival de Paredes de Coura do ano passado, o Pete Doherty parecendo um pastor de ovelhas, coberto com uma manta castanha e um chapéu de abas largas, os olhos esbugalhados, a suar. Por causa da ressaca. Ao confirmar-me que tinha vindo de comboio de Londres até ao Porto numa viagem que demorou 25 horas, deixando implícito que o tinha feito porque era mais fácil drogar-se do que no avião, senti que fazia parte de uma turma de paparazzos que não deixam o homem em paz. Na entrevista, de rara intimidade, confidenciou-me que acha os portugueses muito estranhos. E deu-me um exemplo: “Uma vez, em Lisboa, um fotógrafo andou horas atrás de mim. Às tantas, quando estava a negociar com um “dealer” aproximou-se e ordenou: “Não faças isso. Vai embora daqui antes que morras ou te matem”. Perguntei-lhe como é que reagiu. “Mandei-o lixar. Parecia um pastor de igreja a querer salvar um pecador por opção”. Percebi que me contava aquilo porque eu tinha conquistado a sua confiança. Enganei-o. Eu estava a ser apenas mais um que faz parte de uma seita que anda atrás dos famosos para lhes dissecar a vida até ao tutano. “Os jornalistas são um pesadelo”, disse-me, como se me confundisse com um fã. No dia seguinte lá estavam as suas intimidades escarrapachadas no CM, tim tim por tim tim, qual amizade qual quê, eu quis foi sacar-lhe umas coisas e dar ao nosso povo o que o nosso povo gosta: fofoca.
sábado, 15 de março de 2008
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