sábado, 5 de abril de 2008

Boca santa

Um dia destes mandei uma mensagem a um amigo que estava com o Paulo Gonzo e, por brincadeira, perguntei-lhe como é que estava o Paulo…Ganza. Segundos depois recebi uma chamada do cantor dos “Jardins Proibidos” a, no seu jeito libertino, insurgir-se: “Com que então Paulo Ganza…Sabes muito bem que eu não gosto de ganzas…Essas coisas são para pobretanas, não para mim”. E riu-se. Enquanto falávamos, lembrei-me da primeira vez em que o vi em palco com os Go Graal Blues Band, o cabelo encaracolado, desgrenhado, encostado a uma trave do palco improvisado em cima de um tractor, eu adolescente, fascinado com a sua postura boémia e irreverente. A última vez que estive com ele, de seu nome Alberto Ferreira Paulo, dizia-me que se sente velho para o sexo, drogas e rock n’roll. Pura mentira. Estava cheio de genica e com a vocação de anedoteiro de sempre. “As pessoas seriam mais felizes se se olhassem ao espelho e se rissem delas próprias”, disse-me entre gargalhadas, marotas, depravadas. Um outro dia fui a uma das suas famosas festas, provavelmente o maior índice de VIP’s por metro quadrado, Cinha Jardim, Petit, Olavo Bilac, Lili Caneças, traços de rostos felizes, ele faustoso, a mão com um problema de pele a acariciar a careca. Às tantas abeirou-se dele uma bela donzela, deu-lhe um abraço apertado e exclamou, lânguida: “tu és o meu sex-symbol preferido”. E ele, gago, aquele ar de puto traquina: “ó filha, sabes, eu tenho uma boca santa”.

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